terça-feira, 30 de novembro de 2010

balões

Eu gosto de balões e de como voam alto. De todas as suas cores. Mas, especialmente de quando são amarrados todos juntos em um fitilho que tenha uma cor alegre. Geralmente cor-de-rosa. Já reparou?
Eu lembro de uma vez quando era pequena e enchi um balão vermelho maior que o normal, com aquele gás que faz voar alto. E amarrei uma fitinha azul no meu pulso e na ponta do nó vermelho, mais acima. E fiquei assim, presa ao meu balão, que parecia alto demais se eu arriscasse um olhar pra cima. E fui brincar.
No meio de uma corrida, o nó da fita se soltou e o balão saiu voando meio rápido para o meu pouco tamanho conseguir alcançar. Não podia fazer nada mais do que olhar ele subir. E subir um pouco mais.
Porque só o meu balão? Não podia ser o das outras meninas? E foi aí que eu entendi o que era perder.
Pode ser um exemplo bobo, mas vendo aquele vermelho virar um pequeno pontinho no céu enorme, eu percebi como é ruim ver o que você gosta, indo embora.
Desde então, ao invés de amarrar os meus balões mais forte no pulso, eu simplesmente parei de dar o nó nas suas pontas. Os enchia e soltava no ar, fazendo ele rodopiar perto de mim, por um momento meio breve, até perder todo o gás. Fiz isso por realmente muito tempo. Era uma forma fácil de me sentir feliz por ter um balão cheio, mesmo que ele não durasse muito tempo e nem andasse ao meu lado para todos os cantos, com uma fitinha nos unindo.
Mas outro dia, eu ganhei um balão tão diferente, que ao encher de gás, parei e fiquei contemplando tempo demais aquela cor, antes de soltar e o ver rodopiar.
E aí, para minha surpresa não consegui. E fiz um nó, prendendo o ar dentro dele. Amarrei uma fitinha azul no pulso e senti prender a minha respiração, ao amarrar o balão, na outra ponta com um nó forte.
Ele era tão lindo. Me faltava o ar, só de ficar olhando.
Sai andando com ele por todos os lugares, sem soltar, sem desamarrar, verificando sempre se o meu nó está bem preso. Mas às vezes eu me pego tão absorta na cor do meu balão, e em como ele fica quando bate o Sol, que eu esqueço da fitinha azul e de repente vejo ela meio solta. Meio longe. Entro em pânico.
Não sei mesmo o que faria se visse meu balão subir, subir e desaparecer no imenso mais acima. Sem poder fazer nada.
Eu queria escrever sobre balões e sobre como eles voam alto. Mas percebi que simplesmente não suporto a idéia de que quando são soltos, eles planam sozinhos. Até acabar todo o gás que os faz voar.
E tudo isso só pra dizer que eu preciso de você aqui, mesmo que o tempo passe, mesmo que a minha fitinha azul desbote.
Minhas incertezas foram embora, deixando espaço para o meu amor caber. E para os meus olhos enxergarem todo o vermelho vivo, contrastado na fitinha presa.
Não se solta de mim.
Às vezes me pego dando outros tantos nós por cima do primeiro. Mas de nada adiantaria, porque se o balão quisesse se soltar, o tempo faria isso por ele. Então se segura! É só isso que eu te peço.
Não se solta de mim.
Eu não saberia te ver voando pra longe daqui. 


Texto escrito pela: Amanda Stefanone.
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Eu me identifique MUITO com ele, então não tinha como não postar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

precaução


Lá no fundo eu não vejo nada, mesmo estando no alto, mesmo eu conhecendo a vista, o dia nublado me permite imaginar tudo com outras cores e formas, e isso me fascina.
Dia nublado, chuva, cada gota, eu tenho que dizer o que tudo isso me lembra? Eu gosto de perguntas mas tenho medo de cada resposta e eu preciso das suas.
Tudo me causa um enorme desespero e na verdade isso piora quando está nublado.
Minha rotina já envolve você, já envolve o medo de perder, a saudade, a distância, o desespero quando você some e não responde minha perguntas. Tudo ligado a quem não devia, a quem eu nunca imaginaria, me causa desespero.
É possível algo que te fascina te fazer tão mal? Não existe hora nem porque, existem situações que se não mudam sua vida, te marcaram para sempre. São situações inesperadas e se aconteceu uma vez com você, porque não pode vir a acontecer pela segunda vez? Isso causa desespero, daqueles que você não sabe a resposta, é igual quando você se pergunta, se já inventaram tanta coisa, porque ainda não inventaram um chocolate que não engorda? Já que até hoje eu não tenho você (fisicamente), ele é a cura para o meu desespero.
Para mim vivemos na base de testes, a todo o momento. Esse  é apenas mais um, que logo irá acabar, nem eu nem você ganharemos notas, e sim, apenas saberemos se passamos ou não.
Enquanto isso eu vivo no meu desespero constante, com medo de não passar pelo teste e ele levar você de mim.
Vou procurar algo alternativo para o chocolate, só por precaução.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

minhas, suas


Elas existem de vários tipos, cores, formas e tamanhos. São encontradas praticamente em todos os lugares. Na maioria das vezes encontro-as em casa ou nas ruas, jogadas pelo chão.
Dependendo do que são feitas, elas quebram muito fáceis ou quando amassadas nunca voltam à forma perfeita que um dia tiveram.
Dependendo da estação do ano, suas cores mudam, mas artificialmente também já se pode fazer isso. Afinal o que não se pode? Até amor artificial já é encontrado, daqui a alguns tempos teremos refrigerantes, sucos, águas, que nos proporcionam sentimentos, amor, carinho, ódio.
O fato da sociedade querer nos encher com produtos, deixa o ciclo natural para trás.
Ok, já filosofei demais.
Eu queria ter o poder de viajar como as folhas, sim eu estava falando de folhas, eu queria viajar igual, mas de uma forma mais delicada, então eu gostaria de viajar como uma carta, eu gostaria de embelezar uma paisagem de outono igual as folhas caídas de NY. Mas eu não gostaria de quebrar com facilidade igual uma folha seca, nem quando me fazem algum mal e eu tento me recompor ficar com marcas, igual quando você amassa um papel e tenta fazê-lo voltar a sua forma perfeita. E sinceramente? As duas últimas são a que na maioria das vezes eu, você, e os outros conseguem.
Afinal quem disse que seria fácil? Ninguém.
Mas alguém disse que seria impossível?
Eu vou continuar apreciando todos os tipos de folhas, e entende-las quando eu for obrigadas a jogá-las fora. Mas nunca farei nada contra a minha vontade.
Eu tenho sonhos, eu acredito que nada seja impossível, apenas muito difícil e talvez um pouco improvável, mas NUNCA impossível.
Um dia eu conseguirei viajar pra NY e me jogar nas folhas caídas no outono. Que a distância é uma merda, disso ninguém duvida, mas se for verdadeiro nunca será impossível.